Muito tem se discutido sobre a adoção de tecnologia em sala de aula.
Seria uma distração ou realmente ajuda professores e alunos em sua
jornada de aprendizagem? Ainda não parece haver um consenso sobre o
tema, mas acredito que o debate sobre benefícios e desvantagens no uso
dessas novas ferramentas educacionais é sempre benéfico.
No entanto, as discussões tendem a focar na tecnologia em si, e não
no que ela pode fazer, ou qual seu objetivo final. Nesse ponto, concordo
que ferramentas tecnológicas que não são utilizadas, na melhor das
hipóteses são um desperdício de dinheiro. Na pior delas, podem ser mesmo
uma distração e até prejudicial para alunos e professores.
Uma pesquisa recente do LMS Canvas com 182 professores australianos
revelou que 80% concordam que a tecnologia facilita seu trabalho e poupa
cerca de três horas por semana na correção de trabalhos e no
planejamento das aulas. O problema então não é a tecnologia, mas como
utilizá-la. A tecnologia adequada utilizada para as finalidades certas
acaba sendo a melhor aquisição que uma instituição de ensino pode fazer.
Para garantir esse sucesso, existem algumas regras de ouro que tornam
a tecnologia uma ferramenta genuinamente inovadora no sentido de
aumentar o envolvimento dos alunos e auxiliar os professores:
1. Priorize os desafios que deseja superar
Antes de adquirir qualquer solução, as escolas precisam identificar os problemas que desejam resolver por meio da tecnologia.
Aumentar o envolvimento
dos alunos e, ao mesmo tempo, aliviar o fardo dos professores é um
equilíbrio difícil de atingir, particularmente no ensino fundamental.
Escolher uma tecnologia que acelere o processo de correção de trabalhos
ou ajude a criar relatórios sobre a jornada de aprendizagem dos alunos é
uma maneira de utilizar a tecnologia a favor do ensino.
Se o desafio for manter os alunos interessados nas aulas, então
procure algo que entregue o conteúdo de forma atraente. Pode ser através
de vídeo, conversas em tempo real ou mesmo jogos. Se não estiver claro
quais dificuldades deseja superar com a tecnologia, então talvez ainda
não seja o momento certo para um investimento.
2. Trabalhe de baixo para cima
Quando a tecnologia adquirida pela escola não é utilizada em todo o
seu potencial, geralmente é porque o sistema ou os dispositivos foram
escolhidos pelos gestores ou por líderes acadêmicos que não são os
usuários no dia a dia da sala de aula. A aquisição de novas tecnologias
para a escola deve envolver os professores durante a definição das
necessidades e também na tomada de decisão. A visão deles sobre o que se
passa na sala de aula é crucial, e o seu envolvimento no processo torna
muito mais fácil a adesão à tecnologia escolhida.
Caso alguns professores mostrem resistência às mudanças que a
tecnologia irá trazer para a sala de aula, as escolas podem criar grupos
de discussão e feedback para que se sintam envolvidos nesse processo.
Em muitos casos, os professores acabam se tornando defensores fervorosos
dos benefícios perante outros funcionários e alunos.
3. Promova a integração dos pais
Os
pais podem ficar apreensivos quando se trata da adoção de uma nova
tecnologia para seus filhos. Há receio a respeito de privacidade,
distração ou falta de sociabilidade com outras crianças. A promoção do
debate entre escola e responsáveis faz parte do processo de
esclarecimento. Plataformas de aprendizagem on-line podem aproximar
filhos e pais, pois permitem aos responsáveis ter um papel mais ativo na
educação das crianças e adolescentes. Envolver os responsáveis no
início da decisão de compra da tecnologia escolar vai garantir que eles
apoiem e defendam o programa mais tarde.
4. Explore as possibilidades da educação aberta
O conceito de educação aberta continuará avançando, especialmente no
Brasil, onde a população de estudantes se espalha para além dos centros
urbanos até áreas rurais remotas. Plataformas de educação aberta trazem
educação de forma remota, através da tecnologia, e podem se tornar a
porta de entrada para toda a riqueza de conteúdo que está sendo criado e
compartilhado em todo o mundo, dando às escolas menos favorecidas a
oportunidade de acessar novos recursos de qualidade.
Esta abordagem, alimentada pela tecnologia on-line, pode mudar
totalmente a experiência de aprendizagem, e para melhor. Mas, para tirar
o máximo proveito desse conceito, as escolas e professores devem estar
preparados para adotar uma forma diferente de ensinar e aprender.
5. A avaliação constante vai eliminar o desperdício
Muitas vezes as escolas não fazem uma avaliação contínua sobre o
retorno dos investimentos, o que pode levar a uma crença de que a
tecnologia é um desperdício de dinheiro. Identificar onde os
equipamentos estão sendo subutilizados ou ignorados é vital. As escolas
precisam avaliar suas decisões de compra de forma consistente, fixando
objetivos e indicadores de desempenho para se certificarem de que suas
metas estão sendo alcançadas desde o início.
Seguindo essas orientações, as escolas poderão garantir que a aquisição de tecnologia será um sucesso para todos os envolvidos.
Lars Janér é diretor para a América Latina da Instructure - empresa de tecnologia de software na nuvem para ensino e aprendizagem - http://www.administradores.com.br/noticias/tecnologia/cinco-regras-de-ouro-para-o-uso-de-tecnologia-na-educacao/111280/